08/01/2013

A lógica por trás de uma carteira de ações


Após deixar a mesma pergunta no final dos dois primeiros posts, vou tentar expor algo bastante controverso que talvez ajude a respondê-la.

Primeiro a pergunta:

Você acredita que uma carteira de ações escolhida aleatoriamente pode ser mais lucrativa do que carteiras montadas criteriosamente por "especialistas de mercado"?

Bom... a primeira vista a resposta mais óbvia seria um alto e sonoro "CLARO QUE NÃO, que pergunta idiota! Você acha que os caras ganham milhões pra fazer o trabalho que um macaco faria? "

Realmente esta seria uma resposta bastante comum, entretanto, um renomado escritor chamado Nassim Nicholas Taleb expõe em seu livro "A Lógica do Cisne Negro" uma teoria de que os especialistas de profissões que se "movem", ou seja, profissões que lidam com o futuro e baseiam seus estudos no passado não-repetível apresentam um grave problema com previsibilidade.

Apenas para ilustrar a diferença entre os tipos de profissões ele cita algumas profissões que realmente os especialistas são especialistas como: avaliadores de gado, astrônomos, pilotos de prova, avaliadores de solo, mestres enxadristas, físicos, contadores, médicos cirurgiões, inspetores de grãos, etc. Se analisarmos, os especialistas destas áreas realmente devem ser confiáveis, afinal você deixaria um motorista de taxi fazer uma cirurgia em seu cérebro? 


Já para corretores de ações, economistas (olha nosso amigo aí ao lado com suas previsões magníficas), selecionadores de pessoal, psiquiatras, juízes de direito, analistas de agências de inteligência, especialistas em risco, cientistas políticos, dentre outras, são mais suscetíveis a erros de previsibilidade, portanto, são especialistas que tendem a ser não especialistas.

Em trecho do mesmo livro, Nassim Taleb cita um estudo feito por Jean Philippe Bouchaud que após avaliar 2 mil previsões (recomendações) de analistas de corretoras ele chegou à conclusão de que analistas de corretoras não previam nada. Os resultados obtidos por analistas renomados e experientes eram piores do que os de iniciantes que não possuíam nem de longe as informações dos experientes.

Taleb ainda complementa: 
"Isso não é culpa dos especialistas, pois nós humanos somos vítimas de uma assimetria na percepção de eventos aleatórios e infelizmente o mercado é aleatório.
Acabamos atribuindo nossos sucessos a nossas habilidades e nossos fracassos a eventos externos fora de nosso controle, ou seja, à aleatoriedade."

Era neste ponto que eu queria chegar... 

Se os erros são atribuídos à aleatoriedade e o mercado é aleatório, então a culpa é sempre do mercado e nunca dos analistas.

"...Somos responsáveis pelas coisas boas, mas não pelas ruins  Isso faz com que pensemos que somos melhores que os outros no que quer que façamos para ganhar a vida."

Taleb também cita que economistas e analistas de carteira de modo geral, não apresentam nenhuma prova convincente de que possuam a capacidade de prever, e caso tenham alguma capacidade, suas previsões são, na melhor das hipóteses apenas levemente melhores do que previsões aleatórias.

Agora sim estamos chegando onde eu quero.

Existe lógica por trás dos inúmeros estudos feitos para seleção de uma carteira de ações?

Que tal simularmos uma carteira de ações escolhida completamente de forma aleatória e comparar com carteiras de instituições renomadas?

Este será nosso desafio daqui por diante. No próximo post vamos detalhar as regras de como fazer com que nossa Carteira Aleatória se torne a próxima sensação do mercado acionário brasileiro.



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